Antibióticos e Disbiose: Por que você não pode ignorar a saúde do seu intestino

Amanda butten
26 de set.
3 min de leitura

O início do "Efeito Colateral" que ninguém fala

Sabe qual é um dos relatos que mais escuto no consultório? Pessoas que, após um tratamento com antibiótico, começam a sentir um desconforto intestinal chato. A famosa diarreia associada a antibióticos é apenas a ponta do iceberg!

Se você já passou por isso, saiba: é super comum e esperado. Os antibióticos são heróis quando precisamos deles, mas pelo menos um terço dos pacientes que os utiliza desenvolve diarreia durante o tratamento. Isso acontece porque eles causam disbiose, um desequilíbrio na nossa microbiota intestinal. Essa bagunça microbiana pode ser o gatilho para muito mais do que um simples desconforto.

Antibióticos e Disbiose: A Bagunça Intestinal que Vai Além da Diarreia

A disbiose, esse desequilíbrio da microbiota intestinal, é o que culmina com a ocorrência de diarreia e outros sintomas gastrointestinais após o uso de antibióticos.

Embora esse post seja focado na diarreia (que, em casos graves, pode ser causada pela bactéria Clostridium difficile ), o desequilíbrio que o antibiótico faz no nosso intestino afeta o corpo todo.

Na minha prática clínica e nas referências da área, os sintomas de disbiose não se limitam ao trato gastrointestinal. Eles podem incluir:

Queda da Imunidade e permeabilidade intestinal: Se grande parte das nossas células de defesa está no intestino, um desequilíbrio afeta a nossa capacidade de combater invasores.
Dificuldade de Concentração e esquecimentos ("Brain Fog"): O intestino e o cérebro estão ligados, e a saúde intestinal impacta diretamente a função cognitiva.
Aumento de Apetite ou Desejos Específicos: A alteração na microbiota pode influenciar a produção de hormônios que regulam a fome.

A boa notícia é que, pelo menos a diarreia, a gente consegue prevenir!

A Prevenção Inteligente: O Papel dos Probióticos

A ciência já nos dá um caminho para evitar que o tratamento com antibióticos cause essa diarreia. O uso de probióticos é uma medida profilática (preventiva) para evitar a diarreia secundária a antibióticos. Mas atenção: nem todos os probióticos são iguais! Cada um tem "nome e sobrenome" e deve ser individualizado com base no mecanismo de ação, indicações e dose.

Sociedades internacionais de gastroenterologia, como a Europeia de Gastroenterologia Pediátrica (ESPGHAN), fizeram revisões e metanálises importantes e recomendam dois probióticos específicos para a prevenção da diarreia associada a antibióticos:

Lactobacillus rhamnosus GG (LGG): Recomendação forte para evitar a diarreia por antibióticos.
Saccharomyces boulardii: Recomendação forte para evitar a diarreia por antibióticos , sendo também sugerido para prevenir a diarreia causada especificamente por Clostridium difficile.

No Brasil, o Saccharomyces boulardii CNCM I-745 é registrado pela Anvisa como medicamento, devido às fortes evidências de eficácia e segurança. O uso desses probióticos deve ser iniciado junto com o antibiótico e ir até o final da administração.

E os próximos passos após o tratamento com antibiótico?

Tomar um probiótico durante o tratamento é um excelente passo para prevenir a diarreia aguda. Mas e o que vem depois?

A verdadeira recuperação da sua saúde intestinal é um trabalho que exige acompanhamento nutricional. Não basta apenas "tomar um iogurte" ou um probiótico por alguns dias. A restauração da sua microbiota, para reverter a disbiose e aliviar os sintomas como a baixa imunidade ou o cansaço mental, é feita com uma estratégia alimentar e suplementar individualizada. É preciso:

Avaliar a extensão do desequilíbrio causado pelo antibiótico e tratar cada sintoma individualmente.
Introduzir alimentos fermentados e fibras específicas (prebióticos).
Ajustar a dieta para modular o ecossistema intestinal.

Pense nisso: a sua saúde começa no intestino.

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