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vida saudável do prato à mente

Esse é o meu blog escrito! Sou nutricionista e gosto de conversar sobre vida saudável de forma geral: alimentação, atividades físicas, saúde mental... e como tudo isso junto pode impactar a nossa saúde. Seja bem vindo: aqui tem aprendizado e diversão.

No consultório, o ritual semanal se repete: a ferramenta de feedback é aberta e vem a pergunta fatídica: "O que você comeu fora do plano esta semana?". E é nesse momento que o paciente, invariavelmente, começa a fazer a contagem dos "pecados".

Três saídas. Cinco deslizes. Duas noites de pizza.

A nossa sociedade nos ensinou a viver sob o olhar quantitativo. Olhamos para a balança, para os centímetros, para o número de vezes que "erramos". E o que essa contagem nos dá? Absolutamente nenhuma informação útil. Ela apenas infla o monstro da culpa e nos aprisiona no ciclo do recomeço.

A minha proposta é radical: pare de ver seus erros como sentenças que definem quem você é e passe a vê-los como informação.

Quando eu peço para o paciente anotar o que comeu fora, não é para fiscalizar; é para que a gente consiga, juntos, decifrar o mistério. Por que a saída aconteceu? Como você poderia prevenir essa saída? Ou como poderia ter lidado melhor com a situação?

  • Foi desorganização? (A geladeira vazia foi mais forte que a intenção).

  • Foi uma semana atípica? (Aniversários, festa junina, uma maratona de eventos).

  • Foi estresse ou ansiedade no trabalho? (O corpo pedindo um conforto que a mente não conseguia dar).

Percebe a virada de chave?


Se o problema foi a desorganização, o ponto não é se culpar. O ponto é a informação: "Eu já entendi que não posso mais deixar minha semana desorganizada. Se eu não planejo o básico, eu erro." A estratégia, então, é planejar, não punir.


Se o motivo foi o excesso de eventos sociais, a informação é que a impulsividade é o seu inimigo. A estratégia é antecipação: vamos conversar sobre como ir a esses eventos de forma consciente, mantendo a liberdade sem descontrole.


Assumir a responsabilidade sem culpa

O erro mais comum é achar que, para se responsabilizar, você precisa sentir culpa. Essa é a velha mentalidade. Sabemos que só erra quem se dispõe a viver o processo, a gente aprende errando, tentando, experimentando novas formas de agir. Não existe um jeito certo para seguir a dieta, existe o que funciona para você de acordo com a sua personalidade, seus problemas diários, sua rotina e o que faz sentido para você.

Se responsabilizar por uma ação é apenas assumir a informação que ela te deu e entender que precisa criar uma nova estratégia.


Por exemplo: você descobre que tem uma tendência forte ao comer emocional (informação valiosíssima!). Agora, com essa informação em mãos, você se pergunta: Quais outras ferramentas eu tenho para lidar com essa emoção que não seja a comida?

A resposta não é mais comida "proibida", mas sim uma lista de atividades práticas:

  • Ouvir aquela música que acalma.

  • Um jogo bobo no celular que desvia o foco.

  • Uma caminhada sem destino só para arejar a mente.

  • Um áudio sincero para uma amiga.

Às vezes, a raiva se resolve só de contarmos o que aconteceu.

Às vezes, o tédio se resolve com uma simples distração.

É nesse olhar informativo que você reduz a sensação de culpa, assume a responsabilidade e torna o seu processo leve e efetivo.

Isso é emagrecimento com maturidade: entender onde a estratégia falhou e, sem dramas, criar uma nova.

Você precisa se responsabilizar por todas as suas ações, sim. Mas você não precisa sentir culpa por elas. Troque o chicote pela bússola.

Seus erros não são falhas morais.

São apenas dados que te levam ao acerto.


Fica o convite: Experimente listar os seus erros da semana, extraia as informações chave e crie novas estratégias para lidar com isso! Assuma a responsabilidade, faça acontecer.

listando os erros da dieta e extraindo informações
Experimente listar os seus erros da semana, extraia informações e crie novas estratégias.

A diferença entre perseguir a reta final e viver o emagrecimento como um longo e demorado café, celebrando cada detalhe.


Apaixonar-se pelo processo é a mais sofisticada das artes.

É um convite para que a vida, com toda a sua pressa e suas métricas implacáveis, nos sente à mesa para um longo e demorado café.

A gente se acostumou a enxergar o processo de emagrecimento como uma estrada reta, onde só vale a pena visualizar a placa da chegada. Mas a chegada, acredite, é apenas o ponto final de uma revolução interna que começou muito antes.

É claro que os pacientes chegam ao consultório buscando a transformação externa: o número na balança, a roupa que volta a servir. Mas é nos bastidores, nas entranhas dessa jornada, que reside o meu maior orgulho e, por consequência, o meu maior ensinamento: a beleza das transformações internas.

Digo aos meus pacientes que é preciso viver cada detalhe, cada garfada, cada escolha com um olhar crítico, sim, mas também com a permissão de comemorar cada vitória.


mulher refletindo sobre o processo de emagrecimento
Reflita sobre a transformação interna do processo de emagrecimento.
O olhar crítico não é punitivo. Não é a voz do fiscal de calorias. É o juízo íntimo que define o que te serve ou não.

Todos nós sabemos, racionalmente, que comer até passar mal em um rodízio não faz bem para a saúde. Mas eu preciso que a pessoa sinta, no seu âmago, que esse ritual não compensa para ela. Não pelas calorias, mas pela troca emocional que se estabelece: a ansiedade de poder comer muito sendo trocada pela culpa e o mal-estar que se seguem.

É uma conta cruel: você se joga na fartura com o medo de quem sabe que está assinando uma conta que será cobrado com juros de sofrimento. Não faz sentido normalizar essa situação, mas a mudança só acontece de verdade quando essa lógica deixa de fazer sentido na sua cabeça. Aí, a transformação de comportamento não é mais uma restrição temporária; é uma liberdade conquistada.

E é nessa liberdade que mora a outra ponta do processo: a celebração. Aqui, a vitória é muito mais que o peso perdido. É o autocuidado que ressurge, a autoestima que se permite um olhar mais gentil no espelho. É a musculação que, pela primeira vez, te faz sentir forte, e não apenas esgotada. É o resgate do prazer na qualidade, e não na quantidade.

A meta, a motivação final, é necessária, claro. Ela é a bússola que aponta o caminho. Mas, se você esperar para comemorar só na reta final, corre o risco de passar pela vida sem perceber que a maior conquista já estava acontecendo enquanto você caminhava.

A chegada é só uma festa. O processo, ah, o processo é a sua história. É o livro que você escreve a cada manhã, a cada escolha consciente, sem pressa e sem rasuras.


Pense nisso: Se você está se punindo hoje para celebrar apenas no futuro, será que a sua jornada está construindo a liberdade que você tanto busca, ou apenas mais uma prisão temporária?


Como passei de Corredora doida a Corredora consciente (talvez, ainda, um pouco doida)


Eu comecei a correr em 2016 por um motivo muito comum e, sejamos sinceros, bem pouco saudável: eu queria emagrecer. E só. A minha regra era rígida: correr 30 minutos, o que desse.

Olhando para trás (e para os meus registros do Strava), vejo que o meu pace médio era 7:20, mas, na época, eu nem sabia o que era pace. A corrida era uma punição, um castigo para queimar calorias.

Nessa época, eu corria e parava mil vezes ao longo do ano. Tinha uma limitação puramente mental: eu só me permitia correr por 30 minutos, como se estivesse sempre no modo “correr que nem uma doida” para tentar compensar algo. Era o meu “8 ou 80” levado para o asfalto.


A Virada de Chave

O verdadeiro jogo virou em 2024, quando comecei a treinar com o meu assessor de corrida, o Tiago. O objetivo inicial era simples: treinar para 5km. Mas, pela primeira vez, eu tinha orientação. Finalmente, eu aprendi o que era pace (risos!) e, mais importante, aprendi a respeitar o treino.


corrida com celebrações

Essa orientação me trouxe a disciplina que eu precisava. Comecei a seguir os treinos à risca, mas não por obrigação; por propósito. Conheci os meus limites e, pasmem, descobri a maior verdade da corrida (e da vida!): correr devagar também é correr.

Curei aquela relação doentia que transformava a corrida em uma punição. E aí aconteceu a mágica: eu transformei o que era um castigo em uma atividade prazerosa. Hoje, eu curto cada melhoria, cada quilometragem desbloqueada, porque descobri que é muito mais divertido romantizar a vida do que encará-la como um campo de batalha.



O Ruído Externo e a Minha Liberdade Inegociável na corrida

Como em qualquer jornada de autoconhecimento, o caminho foi cheio de ruído. No meio do percurso, ouvi de TUDO:

  • “Você corre muito devagar.”

  • “Corredor que só corre na esteira nem é corredor.”

  • “Tem que correr mais vezes na semana, senão não evolui.”

  • “Você PRECISA de um Garmin!” (spoiler: comprei só um ano depois de estar treinando com regularidade, quando senti que era a minha hora, não a dos outros).

  • “Treina logo para 21km! 5km não é nada.”

Todo mundo adora dar pitaco na vida dos outros. A pressão para ser 100% “rápido”, assim como a pressão para ser 100% “saudável”, é sufocante e destrutiva.

Mas eu fui fiel ao que eu estava sentindo. Hoje, não abro mão dessa minha liberdade.

Eu corro por quem mais importa: eu corro por mim. E quem define meus objetivos, na corrida e na alimentação, sou eu mesma.

É sobre consciência, não sobre pressões externas. E você, para quem está correndo?



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©2021 por Nutricionista Amanda Butten

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